sábado, 12 de novembro de 2011

Tratamento alternativo é o bicho


Donos de cães e gatos recorrem cada vez mais às terapias alternativas para cuidar de seus mascotes. Confira os benefícios que alguns desses métodos podem oferecer aos animais
POR LILIAN HIRATA
ILUSTRAÇÕES KRIKA


Sabe-se que terapias alternativas, como acupuntura e fitoterapia, são usadas há milênios para tratar problemas físicos e emocionais que acometem a humanidade. O que poucos sabem é que o uso dessas técnicas em animais é tão antigo quanto em seres humanos. Na China, há relatos de que no período da Dinastia Chang (1765 a 1123 A.C) os cavalos feridos em batalhas já eram submetidos a tratamento com agulhas aplicadas em pontos estratégicos do corpo. A homeopatia, inclusive, já é reconhecida como especialidade médico-veterinária há quase dez anos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária. E apesar dos avanços e da invasão da tecnologia - capaz de garantir aos animais remédios, vacinas e exames diagnósticos de última geração, bem como intervenções cirúrgicas delicadas e eficazes que vão desde uma simples castração até a retirada de tumores - a procura por tratamentos coadjuvantes e menos invasivos em veterinária cresce a cada dia. Em Cingapura, por exemplo, um zoológico passou a realizar sessões de acupuntura em cavalos, orangotangos e até tartarugas. Mas os animais domésticos é o que mais têm sido favorecido com a série de opções oferecidas pelas clínicas. Não há dados oficiais sobre este crescimento. Porém, é notável o aumento do número de profissionais e locais especializados em veterinária alternativa. A Pet Center, por exemplo, a maior clínica de São Paulo no setor de lojas para animais, há três meses, agregou aos seus serviços as técnicas de acupuntura, cromoterapia, fitoterapia, quiropraxia, massoterapia e florais. De acordo com Valéria Corrêa, gestora clínica do local, essa decisão é resultado da intensa procura dos clientes.
Mas, na prática, essas terapias realmente funcionam no reino animal? Segundo os especialistas, os resultados de muitos desses tratamentos considerados alternativos são baseados em relatos e experiências individuais de donos de animais e de médicos veterinários - e não em estudos científicos. Daí a necessidade maior de se buscar sempre profissionais realmente habilitados para evitar riscos à saúde dos mascotes. Outros veterinários alertam ainda para o cuidado de se recorrer a este tipo de medicina somente como recurso coadjuvante.
O ideal, garantem, seria equilibrar várias terapias com o intuito de oferecer o melhor para os bichinhos. "Se o animal estiver com uma dor intensa, utilizo medicamentos tradicionais até que ele se sinta melhor para só então dar continuidade ao tratamento com outras técnicas", orienta o veterinário Adriano Caquetti, de São Paulo.
Vale lembrar ainda que, em se tratando de cuidados alternativos, cada mascote terá um tipo de terapia personalizada, mesmo em casos de enfermidades idênticas. O tratamento dependerá de uma série de fatores, desde o resultado de avaliações clínicas e laboratoriais até a conversa do veterinário com o dono do bichinho. Mais ou menos como precisaria ocorrer com humanos, antes de indicar um tratamento, o médico dos mascotes deve levar em conta hábitos, histórico médico e até as características da raça.

Créditos devidos: POR LILIAN HIRATA
ILUSTRAÇÕES KRIKA




FITOTERAPIA
O que é: seu nome vem do grego phyton (vegetal) e therapeia (tratamento) e o objetivo é utilizar raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes para tratar e prevenir doenças. A cura pelas plantas é conhecida e praticada desde os primórdios - instintivamente nossos antepassados e seus animais, inclusive, buscavam na natureza 'remédios' para amenizar suas dores. Atualmente, todas as partes das plantas são utilizadas como matéria-prima em preparações farmacêuticas para a fabricação de drogas fitoterápicas. Os medicamentos direcionados a cães e gatos, geralmente em forma de tintura ou cápsula, são diluídos na água do mascote ou mesmo misturado a pedaços de alimentos, para facilitar a ingestão. E aí está o perigo. Por serem fabricados à base de substâncias naturais, os fitoterápicos parecem inofensivos, mas se usados em dosagem inadequada e sem acompanhamento profissional, podem se tornar tóxicos e fazer muito mal. Além disso, são contra-indicados em alguns casos. "Fêmeas prenhas e animais com problemas cardíacos ou urinários não devem ser submetidos à fitoterapia", alerta Daniela Prette, veterinária do Pet Center Marginal (SP). A fitoterapia é uma excelente escolha para felinos, já que são animais um pouco mais "rebeldes" que os cães.
Custo do tratamento: de 20 a 40 reais por medicamento formulado.
Tempo estimado: de dois a sete meses.
Possíveis indicações: há milhares de plantas catalogadas no mundo, juntamente com seus vários usos fitoterápicos. Servem para o alívio de sintomas e tratamentos preventivos.

HOMEOPATIA
O que é: o médico alemão Christian Samuel Hahnemann, no final do século XVIII, foi quem defendeu essa prática terapêutica, que consiste em prescrever, sob uma forma muito diluída e dinamizada, uma substância capaz de produzir efeitos parecidos com aqueles que acometem o doente. Baseia-se na cura pelo semelhante: "o medicamento que causa o sintoma físico é o mesmo que será usado para curar", resume a veterinária Maria do Carmo Arenales, de São Paulo. O objetivo é o de restabelecer a energia do organismo. Nos animais, os medicamentos também são "dinamizados" de acordo com a enfermidade e administrados por meio da água, da ração ou em forma de comprimidos. A homeopatia foi reconhecida como especialidade médico-veterinária em 1996, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, e desde então tem sido aplicada cada vez mais no tratamento de animais - desde os domésticos até rebanhos inteiros. Segundo a veterinária, Maria do Carmo, nos casos de cinomose (doença que afeta os órgãos respiratórios e o sistema nervoso), os animais apresentam melhoras em poucos dias, podendo ser restabelecidos completamente, sem seqüelas. Em doenças agudas, o resultado pode levar apenas algumas horas. Nas crônicas, pode demorar mais, de 20 a 40 dias, dependendo do tempo de instalação do problema. A vantagem dessa terapia é provocar menos efeitos colaterais e evitar prejuízos posteriores (como possíveis intoxicações medicamentosas).
Custo do tratamento: a partir de 20 reais, dependendo da formulação.
Tempo estimado: pode variar de poucas horas até 20 a 40 dias.
Indicações possíveis: doenças em geral, em especial cinomose, alergias e desvios comportamentais, como agressividade e tristeza.


ACUPUNTURA
O que é: praticada há mais de cinco mil anos pelos chineses, a técnica tem o intuito de harmonizar a energia QI (leia-se "chi") que passa por todo corpo. Afinal, segundo os orientais, um desequilíbrio energético pode desencadear doenças físicas e psíquicas. A QI trafega por entre as centenas de "meridianos de energia" localizados ao longo do corpo e cujas terminações nervosas estão na pele, nos chamados "pontos de acupuntura". Estes pontos, quando estimulados por agulhas, produzem efeitos sobre as regiões corporais (órgãos e sistemas) correspondentes. Fala-se em torno de 500 pontos encontrados tanto nos homens quanto nos animais, da mesma forma. Se bem aplicadas, essas técnicas não provocam efeitos colaterais. Mas elas não costumam agradar aos felinos, animais inquietos por natureza. "Por sorte, estes animais sofrem menos de problemas neurológicos e locomotores do que os cachorros", explica o acupunturista veterinário Carlos Torro (SP).
Custo do tratamento: de 40 a 50 reais por sessão.
Tempo estimado: em média oito sessões, dependendo da enfermidade.
Possíveis indicações: dores em geral, problemas de coluna, bem como doenças e distúrbios gastrintestinais, neurológicos, neuromusculares, endócrinos e cardíacos. A acupuntura também auxilia na prevenção de males, uma vez que atua no fortalecimento do sistema imunológico.


FLORAIS DE (EDWARD) BACH
O que é: as essências contendo os florais foram produzidas pelo médico inglês Edward Bach e divulgadas em 1930. Ele acreditava que a recuperação de um mal físico requer, primeiramente, uma mente saudável. Portanto, esta terapia busca o reequilíbrio emocional, tratando as causas e não os sintomas das doenças. Ao todo, são 38 essências, que podem ser misturadas entre si e estas estão divididas em sete grupos correspondentes a vários estados emocionais: insegurança, desânimo, solidão, desinteresse, medo, ansiedade e hipersensibilidade a influências externas. As matériasprimas para a preparação dos florais vêm direto da Grã-Bretanha, pois não são cultivadas aqui no Brasil. Mesmo sendo relativamente nova, em comparação a outras técnicas alternativas, seu uso também se estendeu aos bichos. O remédio, geralmente uma combinação de duas ou mais essências (no máximo oito, em raras circunstâncias), é administrado via oral em forma de gotinhas. "Uso esta terapia para tratar aqueles animais com transtornos comportamentais e obtenho excelentes resultados", afirma Daniela Prette, veterinária da clínica Pet Center (SP). A veterinária se refere aos cães e gatos agressivos, medrosos e deprimidos, seja por conseqüência de alguma enfermidade física ou não. "Se tenho ao meu alcance uma terapia não nociva, por que vou usar drogas que causam efeitos colaterais, como os antidepressivos?", argumenta.
Custo do tratamento: de cinco a 10 reais, cada medicamento.
Tempo estimado: pode variar de algumas semanas a meses.
Indicações possíveis: especialmente para transtornos comportamentais e como tratamento preventivo. Neste caso, os florais são aplicados para evitar o sofrimento de mascotes que ficarão, por exemplo, um tempo longe de seus donos. Aí, os florais são aplicados dias antes da separação.




http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/26/artigo20189-3.asp

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